30/06/2025

Empresas brasileiras captam ao menor custo histórico no exterior

Por Cynthia Decloedt (Broadcast)
Fonte: O Estadão
As companhias brasileiras que buscam recursos no mercado externo de dívida
estão sendo privilegiadas pela mudança que os investidores estrangeiros estão
fazendo em suas carteiras, diminuindo a exposição a ativos norte-americanos e
buscando outros países. Isso soma-se à redução das emissões externas feitas
por empresas nacionais nos últimos anos, diante de um o mercado doméstico
mais robusto, que passou a absorver prazos maiores e montantes elevados de
papéis. O resultado da combinação de maior demanda externa com ritmo
menor de captações brasileiras lá fora pressiona para baixo o retorno que as
empresas têm que pagar aos investidores.
A Gerdau foi a primeira a cravar no início de junho um custo recorde de baixa
em captação feita no exterior por uma empresa brasileira, quando levantou US$
650 milhões. O feito foi renovado esta semana pela JBS USA, que emitiu US$
3,5 bilhões em títulos garantidos pela matriz brasileira. Ambas são consideradas
companhias de primeira linha e baixo risco. Mesmo o Tesouro Nacional captou
US$ 2,75 bilhões, também no início de junho, com prêmio próximo as mínimas
históricas e a maior demanda registrada por seus papéis em sete anos.
De acordo com um banqueiro que preferiu não se identificar, o prêmio médio
exigido pelos investidores para comprar bonds (títulos de dívida emitidos no
exterior) de empresas brasileiras de primeira linha está em território negativo
dado o apetite dos estrangeiros em alocar no País. “Diria que mais empresas
poderão captar com prêmios recorde de baixa”, afirma.
Companhias se voltaram ao mercado local
Muitos desses grandes emissores que eram frequentes têm feito parte de suas
captações no mercado de dívida local, como Vale e Petrobras, entre várias
outras. “O investidor estrangeiro vê a operação e faz ordens grandes, porque
não sabe mais quando a companhia vai voltar”, afirma outro banqueiro.
Essa realidade, no entanto, está aumentando novamente a operações
internacionais. De janeiro até agora, as empresas brasileiras captaram US$ 20,25
bilhões no mercado de dívida externa e há possibilidade de outras companhias
aproveitarem o apetite externo antes das férias do Hemisfério Norte, em agosto.
O volume emitido de janeiro a julho de 2024 foi de US$ 11,8 bilhões. Além da
JBS USA, esta semana emitiram Raízen (US$ 750 milhões) e Latam (US$ 800
milhões).